
Em resultado do ataque na noite de 5 à 6 de janeiro, os rebeldes moderados sírios conseguiram danificar/destruir na base aérea de Hmeimim uma aeronave e um sistema S-400. A responsabilidade de ataque foi assumida pelo grupo Ahrar Al-Alawi, existente desde 2012 e formado pelos sírios da etnia alavita, em oposição ao regime do Damasco, encabeçado pelos alavitas do clã al-Assad.
#Pt. #Khmeimim Airbase under attack tonigh by several weaponized drones. All lights are off while heavy blasts heard, presumably from air defenses. pic.twitter.com/92sFtCeGYV
— Qalaat Al Mudiq (@QalaatAlMudiq) January 6, 2018
A base Hmeimim atualmente é atacada incansavelmente pelos drones leves, montados de uma forma artesanal. Quer os drones, quer a munição usada (minas de morteiros VOG) são ao máximo simples a baratos, o que permite a sua produção e uso de forma mais massificada possível.
O grupo Ahrar Al-Alawi (Alavitas livres) é conhecido desde 2012 e é composto por alavitas radicados na Síria e na Tirquia. O seu conflito com o clã al-Assad (pai e filho) é social e político. Basicamente, os “Alavitas livres” sentem-se marginalizados e expropriados economicamente pelo clã al-Assad e meia duzia dos seus amigos próximos, excluídos de uma divisão mais justa da riqueza nacional.
O grupo promete a continuação dos ataques contra aeroporto de Hmeimim. As forças russas estacionadas no aeroporto não possuem homens suficientes para garantir a defesa eficiente do perímetro da base (o seu território é enorme), a tarefa que neste momento está na responsabilidade das forças sírias leais ao Damasco. Tendo em conta o raio de ação bastante curto dos drones praticamente artesanais, é possível dizer que neste momento o perímetro da defesa externa deixou de existir.
Possivelmente, isso tudo foi a razão que obrigou o Ministério da Defesa russa optar por admitir a ataque dos morteiros contra a base. Possivelmente, a admissão do ataque dos drones artesanais, na ótica dos militares russos, era uma opção pior.
Os drones montados na base de estacas de madeira e fita-cola conseguem furar o sistema de defesa aérea de Hmeimim, avaliada em mais de 1 bilhão de dólares, e composto por sistemas S-400, Pantsir-1S, Buk M1-2. Para já, alguns drones que atacam a base foram abatidos pelas armas ligeiras dos guardas sírios/russos, o sistema da defesa aérea russa, à muito custo, consegue se defender dos mísseis Grad, que também são lançados contra o aeroporto.
Os sírios publicaram o vídeo de um dos drones que alegadamente abateram no dia 2 de janeiro, quando o aparelho se dirigia ao aeroporto de Hmeimim. Drone, é feito praticamente de material reciclado e carregava duas minas VOG:
Fogo-amigo real dos amigos sírios
Outra possibilidade que não pode ser descartada é a possibilidade de que a base de Hmeimim foi atingida na noite de 31 de janeiro pela munição real que os sírios usavam para celebrar o Ano Novo. No país, onde as armas e munições são mais baratas e mais simples de conseguir do que o fogo-de-artifício, multiplicado pelos usos e costumes locais, poderiam ser o verdadeiro casus belli em Hmeimim. Além disso, é possível que a resistência dos alavitas usou o momento do descalabro total festivo para atacar o aeroporto.
O vídeo que mostra a celebração do Ano Novo em Latáquia:
A não aterragem do avião-hospital russo
No dia 5 de janeiro, o Ministério da Defesa russo enviou ao Hmeimim o seu avião de transporte Il-76MD “Skalpel” (Bisturi), pertencente à 223ª Unidade aérea, com número de registo RA-78830. O aparelho se descolou dos arredores de Moscovo (aeroporto de Chkalovsky), fez um pouso intermédio em Krymsk (região de Krasnodar), passou pelo espaço aéreo turco e se dirigiu ao Hmeimim. Sabe-se que aparelho sobrevoou o aeroporto de Hmeimim por algumas vezes, mas não aterrou e optou por voltar à Rússia, usando, novamente, o espaço aéreo turco, e acabando por aterrar em Sochi.
As razões do seu voo possivelmente podem ser relacionadas com a necessidade de evacuar à Rússia os militares mortos e feridos no ataque de 31 de janeiro (que podem ser mais numerosos do que 2 mortos admitidos oficialmente). As razões de não aterrar na base são totalmente desconhecidos, mas possivelmente isso significa que situação era demasiadamente grave, mesmo aos padrões da aviação militar, escreve o blogueiro militarista russo el-murid.
Bashar al-Assad humilhado
Coincidência ou não, mas recentemente, o presidente sírio Bashar al-Assad foi bastante humilhado no solo sírio por um oficial russo que o agarrou de uma forma desprestigiante, impedindo de seguir o presidente Putin. Protocolo ou não, mas realmente Assad, foi visivelmente humilhado, embora não se sabe se o incidente aconteceu com ou sem aprovação e conhecimento do líder russo…
A Russian officer in a *Syria* base grabs President Assad & stops him from following Putin. Protocols but this is on Syrian soil while Assad is not accompanied by his aides. Regardless of where a Syrian stands re Assad, he’s visibly humiliated. pic.twitter.com/fp7F4c93OZ
— Hassan Hassan حَسَنْ (@hxhassan) December 11, 2017
(Creative Commons — Attribution 4.0 International — CC BY 4.0)
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