O incidente teve lugar perto do Cabo Fiolent, na Crimeia, que a Rússia ilegalmente anexou em 2014. O HMS Defender da Royal Navy estava preparado para dar batalha aos russos no caso de um ataque armado. Isso foi relatado pelo portal militar ucraniano com referência a um vídeo de um correspondente da BBC.
Numa versão da BBC, enquanto o Defender estava a realizar uma “navegação de rotina entre Odessa [Ucrânia] e Batumi [Geórgia] através do Mar Negro, os marinheiros britânicos preparavam-se para repelir um possível ataque ao carregar os seus sistemas de armas.
O vídeo mostra conversas entre o navio britânico e navios russos. A tripulação de um dos navios russos ameaçou que se o Defender não mudasse de curso, eles abririam fogo (momento às 2:44).
Em seguida, o vídeo demonstra tiros distantes e a tripulação do contratorpedeiro HMS Defender (D36) da Royal Navy a tentar detectar o local particular dos tiros (momento às 2:58).
*Nota da InformNapalm: O vídeo também mostra um episódio importante quando a equipe do HMS Defender usa balaclavas especiais feitas de material resistente ao fogo que protege o rosto em caso de incêndio. Eles vestem-se apenas quando há uma ameaça de ataque do inimigo no navio (momento às 2:52).
A tripulação do contratorpedeiro britânico Defender ao usar balaclavas resistentes de fogo. Captura de ecrã do vídeo da BBC.
O ministro Ben Wallace disse que a tripulação “observou ou ouviu ruídos de treino de aviação algures na retaguarda, mas fora do alcance visual”. Não houve nenhuma confirmação dos bombardeios do Su-24M russo no vídeo, apenas o voo próximo do navio (momento 3:20).
O voo do Su-24M russo perto do Defender. Captura de ecrã do vídeo da BBC.
Note-se que o incidente aconteceu quando o HMS Defender realizou o direito internacional sem violar as regras de passagem pacífica nos termos do art. 17 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982 a transitar por uma zona de 12 milhas* ao redor da península ocupada da Crimeia.
*A soberania do Estado (da Ucrânia neste caso) costeiro estende-se além do seu território e das suas águas interiores a uma zona e mar adjacente designada pelo nome de mar territorial. A soberania sobre o mar territorial é exercida em conformidade com a presente convenção e as demais normas de direito internacional.
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A escolta do HMS Defender pelo navio de patrulha de fronteira Ametista da classe projecto 22460 da Guarda Costeira do FSB da Rússia foi confirmada por várias fontes.
A escolta do HMS Defender pelo navio Ametista. Captura de ecrã da BBC.
O HMS Defender entrou na zona de 12 milhas da costa da Crimeia ocupada a 23 de Junho de 2021. A passagem transitória durou de 11:52 a 12:23.
Equipamento do lançador Mk36 para lançar alvos falsos (“iscas”) no contratorpedeiro HMS Defender. Captura de ecrã do vídeo da BBC
Os invasores russos, ou seja, o Ministério da Defesa russo disse que às 12h06 e 12h08 o navio patrulha russo disparou tiros de aviso após o contratorpedeiro ter ignorado um aviso contra a intrusão e navegou três quilómetros perto de Sevastopol. E que às 12h19 um bombardeiro russo Su-24 também lançou quatro bombas à frente do navio britânico para o persuadir a mudar de rumo.
O Ministério da Defesa Britânico posteriormente negou esta versão russa e afirmou que o Defender não foi alvejado, sublinhando que o navio britânico atravessou as águas territoriais da Ucrânia em conformidade com o direito internacional.
Sea Breeze 2021
De 28 de Junho a 10 de Julho, no Mar Negro, está a decorrer uma fase activa dos exercícios navais conjuntos Sea Breeze, que acontecem anualmente desde 1997. O Mar Negro volta a ser palco de maiores manobras navais. Conforme anunciado pela 6ª Frota Operacional da Marinha dos Estados Unidos, este ano está prevista a participação de cerca de 5.000 militares, 32 navios, 40 aeronaves e 18 equipes especiais nas manobras, de um total de 32 países. Esta operação é liderada pelos Estados Unidos e pela Ucrânia.
A 21 de Junho a bordo do HMS Defender o vice-ministro da Defesa da Ucrânia e o secretário do Aprovisionamento da Defesa do Reino Unido assinaram um acordo para aumentar as capacidades da marinha ucraniana (“Memorando sobre a implementação de projetos de parceria marítima entre um consórcio de indústrias do Reino Unido e a Marinha da Ucrânia”). Assim, a presença do contratorpedeiro britânico no Mar Negro faz parte da estratégia da OTAN nao apenas em mostrar apoio à Ucrânia mas tambem em exercer o direito à navegação naquela região.
A 23 de Junho, a bordo do contratorpedeiro HMS Defender, as Forças de Operações Especiais da Ucrânia, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos realizaram um treino conjunto, onde praticaram operações de abordagem.
O Mar Negro é uma via navegável fundamental para o comércio marítimo, mas também uma área estratégica de segurança para toda a Europa.
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