
O relatório diário da Missão Especial de Monitorização (MEM) da OSCE nº 134/2020, de 6 de Junho de 2020, informou que um veículo aéreo não tripulado (VANT) de longo alcance registou um comboio de camiões que se dirigiam clandestinamente para a Ucrânia, na região de Luhansk, perto da fronteira com a Federação Russa, numa área não controlada pelo governo ucraniano, nem equipada com um sistema de controlo de acesso. A movimentação de camiões vindos da Rússia foi descrita escrupulosamente no relatório da MEM da OSCE. No entanto, faltavam alguns detalhes visuais que pudessem confirmar uma violação grave da Lei internacional pela Federação Russa. Os voluntários da comunidade internacional de informação OSINT, InformNapalm conseguiram obter imagens exclusivas através do VANT e especificar a geolocalização e as coordenadas exactas dos locais, em particular, por onde se verificou a invasão das colunas russas, bem como do ponto de chegada dos militares russos e do equipamento que ficaram na região de Luhansk.
Imagens do VANT da MME da OSCE e identificação feita pela comunidade InformNapalm
Através deste meio, sugerimos que prestem atenção a imagens exclusivas tiradas pelo VANT, os quais confirmam a informação do relatório da OSCE nº 134/2020, de 6 de Junho de 2020.
Com base nos dados iniciais indicados no relatório da OSCE, os voluntários da InformNapalm conseguiram determinar as coordenadas exactas dos objectos nas imagens para se proceder à localização geográfica.
A primeira fotografia mostra um comboio de camiões justamente perto da fronteira com a Federação Russa nas coordenadas: 48.160698, 39.904193
A segunda fotografia captura a chegada de camiões a uma zona em Luhansk com as coordenadas 48.538979, 39.325941
Os voluntários da InformNapalm, usando OSINT, um modelo de recolha de informação obtida através de dados disponíveis para o público em geral, descobriram que essa zona é usada há muito tempo pelas forças de ocupação russas como base para um Batalhão Separado de Manutenção de Material e de apoio técnico directamente subordinado ao comando do 2º Corpo de Exército russo. Isso é confirmado pelo vídeo, publicado em 2015 pelos propagandistas da organização terrorista RPL (LNR em russo), também conhecida como “República Popular de Luhansk”.
Gostaríamos também de vos lembrar de que em Março de 2020, a comunidade internacional InformNapalm demonstrou uma fotografia aérea exclusiva que completava os dados textuais do relatório da MEM da OSCE nº 60/20, de 12 de Março de 2020, sobre a localização de três modernos sistemas de guerra electrónica russa: RB-341V “Leer-3”, R-934B “Sinitsa” e RB-636 “Svet-KU”.
Após a publicação e a partilha dessas informações sensíveis ao agressor no Twitter, todas as páginas oficiais em várias línguas da InformNapalm foram bloqueadas pela primeira vez nos 6 últimos anos.
Conclusão
Há 6 anos, que a Federação Russa continua a negar publicamente a sua participação e envolvimento directo na guerra em Donbass. No entanto, inúmeras situações detectadas pelos observadores e voluntários internacionais indicam que a Federação Russa viola grosseiramente a Lei internacional durante todo o período deste conflito militar e continua a transferir armas e equipamentos, usando o exército russo, bem como mercenários, a maioria dos quais tem nacionalidade russa.
A solução pacífica do conflito em Donbass é impossível sem a retirada das tropas russas híbridas do território da Ucrânia, em particular, das zonas ocupadas nas regiões de Luhansk e de Donetsk. Portanto, qualquer especulação política sobre as “eleições em Donbass” é fraudulenta e não contribui para o fim real da guerra. Dado que o Kremlin não abandonou as suas intenções agressivas durante seis anos. A comunidade internacional deve continuar a fortalecer as suas sanções contra o país agressor e deve continuar a consolidar esforços diplomáticos, económicos e jurídicos para pressionar o violador, a liderança da Federação Russa, a cumprir a Lei internacional. Além disso, a questão do retorno da Crimeia ucraniana ocupada pela Rússia, também está indissociavelmente ligada à guerra e ocupação de parte do Donbass ucraniano, portanto deve ser abordada de maneira abrangente.
As sanções contra a continuação da guerra e ocupação da Crimeia e Donbass devem ser intensificadas até que os territórios ocupados sejam completamente devolvidos ao controle da Ucrânia e a restauração da infraestrutura destruída de Donbass. Também deve haver lugar a uma reparação paga pelo estado agressor, pela Federação Russa, como o país que iniciou uma guerra contra um estado-vizinho independente e soberano e infligiu significativas e irreversíveis perdas: mortes e ferimentos a dezenas de milhares de pessoas.
O mais recente equipamento militar russo em Donbass foi identificado repetidamente em fotografias aéreas tiradas pelos veículos aéreos não tripulados. Apelamos a diplomatas, jornalistas e políticos ucranianos e estrangeiros para que prestem mais atenção aos factos que provam a presença militar permanente da Rússia em Donbass, para aumentar a pressão internacional sobre o agressor, que iniciou uma guerra sangrenta na Europa no século XXI, porque se essas acções não forem seguidas de uma punição adequada, outros estados europeus correm o risco de se tornar as próximas vítimas dos ocupantes russos.
Tradução: Helena Sofia da Costa.
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