Voluntários da Comunidade Internacional de informação OSINT InformNapalm, usando as suas suas próprias fontes, receberam mais uma confirmação visual da violação grosseira dos Acordos de Minsk pelas forças de ocupação russas no Donbas. Esta é uma imagem, da parte fechada ao público, do relatório da Missão Especial de Monitorização da OSCE, que afirma que 2 morteiros “Podnos” 2B14 estão a apenas 2 km da linha de contacto perto da aldeia de Veselogorivka, região de Luhansk. Recorde-se que, de acordo com a “Adenda ao Complexo de Medidas para Implementação dos Acordos de Minsk” de 12 de Fevereiro de 2015, tais tipos de armas devem ser desviadas para uma distância de mais de 15 km da linha de contacto.
Nota de tradutor:
* O 2B14 Podnos (2Б14 “Поднос”) é um morteiro soviético de 82 mm. O 2B14 foi projetado no início dos anos 1980 como uma arma leve de fogo indireto para o uso de forças aerotransportadas e outras forças de infantaria ligeira.
Apesar da intenção de colocar o 2B14 em campo com unidades de infantaria ligeira, o 2B14 parece ter sido colocado em campo com unidades regulares de infantaria motorizada na proporção de seis por batalhão.
Também é importante mencionar que no texto do relatório da OSCE nº 228 / 2020 de 24 de Setembro de 2020, a informação de que dois morteiros de 82 mm foram detectados no dia 21 de Setembro, foi distorcida. Nomeadamente, foi mencionado em vez de Veselogorivka, o nome de outra aldeia, Nadarivka, enquanto a última fica a poucos quilómetros de distância da linha de contacto, ou seja, mais longe. Segundo, constatou-se que foi detectado apenas 1 morteiro 2B14 “Podnos” e outro denominado de 2B9 “Cornflower” 82 mm.
O alcance máximo do 2B14 “Podnos” é de 3,1 – 3,9 km (dependendo do tipo de munição), a cadência de tiro de 24 tiros sem correção (mortar aim correction), ou 15 – com correção de orientação. Enquanto o morteiro 2B9 “Vasilek” tem 100-120 disparos por minuto e um alcance máximo de 4270 metros.
Nota de tradutor:
* O 2B9 Vasilek é um morteiro automático de 82 mm desenvolvido na União Soviética em 1967 e colocado em actividade no Exército Soviético em 1970. Foi baseado no morteiro automático F-82. Ao contrário dos morteiros convencionais, o 2B9 pode disparar em modo simples e automático usando clipes de quatro tiros. As munições podem ser carregadas pelo cano ou pela culatra. Por causa de seu chassis com rodas, o 2B9 assemelha-se a uma peça de artilharia leve mais do que um morteiro convencional. O 2B9 foi usado no Afeganistão por unidades soviéticas e ainda é encontrado em unidades de infantaria aerotransportada russa.
É possível que a informação no texto do relatório tenha sido corrigida de propósito ou deliberadamente distorcida de forma a não indicar na parte aberta ao público do relatório uma violação grosseira das forças de ocupação russas, o que era evidente a partir das imagens disponíveis do veículo não tripulado.
Além disso, a indicação no texto do relatório aberto de uma localidade um pouco mais distante da linha de contacto poderia induzir em erro quanto ao perigo representado por esse tipos de armas, que estão a apenas 2 km da linha de contacto, ou seja, que poderiam ser utilizadas (ou que já são utilizados) para destruir posições ucranianas.
Quem se beneficia com as distorções na parte pública
Recordem-se que a Comunidade Voluntária Internacional de informação OSINT InformNapalm, levantou repetidamente questões na esfera pública em relação aos cidadãos da Federação Russa que são observadores da Missão Especial da Monitorização da OSCE. A Rússia é, de facto, uma parte no conflito: continua a sua agressão contra a Ucrânia no Donbas, bem como na ocupação da Crimeia ucraniana, mas dezenas de russos ou seus aliados continuam a fazer parte da Missão Especial da Monitorização da OSCE enquanto que não há nenhum ucraniano membro da Missão. Em setembro de 2020, os observadores da OSCE em Donbas incluíam 39 cidadãos da Federação Russa e 5 cidadãos da Belarus. Cidadãos da Federação Russa como parte da Missão Especial da OSCE também estiveram repetidamente envolvidos em escândalos relacionados com a sua colaboração com as formações ilegais armadas do exército híbrido russo em Donbas.
Durante as reuniões consultivas de representantes de ONGs com o Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, os voluntários da InformNapalm também se dirigiram publicamente ao Secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Oleksiy Danilov, sobre a necessidade de levantar na arena internacional a questão da exclusão de cidadãos russos dos observadores da Missão Especial da Monitorização da OSCE em Donbas como representantes do país agressor e actuais agentes de influência na Missão
No entanto, esses pedidos não foram apoiados, citando o facto de que a Rússia paga contribuições para a OSCE, e pode bloquear o trabalho da Missão da OSCE na Ucrânia, porque todas as decisões na OSCE são tomadas por consenso, por unanimidade. Isso cria condições absurdas quando o agressor realmente controla e influencia as instituições internacionais, o que leva tanto a decisões indiferentes quanto a terminologia suavizada, em que a Rússia não é chamada explicitamente de uma parte no conflito. Talvez, diante dessa triste experiência, tanto a OSCE quanto a ONU precisem rever os mecanismos de tomada de decisão para que os conflitos jurídicos não se tornem um instrumento de influência para o país agressor.
UPD
As coordenadas da localização dos referidos morteiros das forças de ocupação russas:
os morteiros estão situados na linha entre as localidades de Veselogorivka e de Nadarivka 48.461591, 38.425495. Dado que os relatórios diários da Missão Especial da Monitorização da OSCE são emitidos diariamente, é provável que a secção fechada dos relatórios semanais, que contém imagens captadas por drone, contenha informações mais detalhadas sobre os tipos de morteiros e a distância destes da linha de contacto.
Ler mais informação:
- Provas da agressão russa: a InformNapalm lança uma extensa base de dados de evidências
- Volunteers gathered evidence of 32 Russian military units taking part in the invasion of Crimea
- Intelligence data on 1st and 2nd Army Corps of Russian Federation in occupied Donbas
- Uma coluna de equipamento militar russo a atravessar clandestinamente a fronteira ucraniana
- O mais recente equipamento russo produzido identificado em Donbass (visível nas fotografias aéreas com as coordenadas)
- More Russians among OSCE observers in Donbas. Manipulations detected in reports
Tradução: Helena Sofia da Costa. Distribuição e partilha com referência à fonte são bem-vindas! A comunidade InformNapalm não tem nenhum apoio financeiro do governo de nenhum país ou doador, os únicos patrocinadores do projeto são os seus voluntários e leitores. Também pode ajudar o InformNapalm com uma contribuição através da plataforma Patreon.
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