
O regime de Lukashenko deu um passo sem precedentes ao capturar o jornalista da oposição bielorrussa Roman Protasevich realizando uma operação multifacetada com elementos de pirataria aérea e ameaças terroristas. Essas acções ameaçaram a vida e a segurança de cidadãos de vários países, incluindo cidadãos da UE e dos Estados Unidos. Além de representantes dos serviços especiais bielorrussos e controladores de tráfego aéreo bielorrusso também a Força Aérea Bielorrussa esteve envolvida na operação. Também há razões para crer que os serviços especiais da Federação Russa participaram activamente nesta operação. Isso é indicado pelo facto de que (ainda por dados não confirmados), além do cofundador do canal da oposição “Nexta” Roman Potasevich e a sua namorada, cidadã russa Sofia Sapega, que também foi detida, três cidadãos russos permaneceram no aeroporto de Minsk em vez de seguirem viagem para Vilnius. A Federação Russa também se tornou o único país que apoiou oficialmente o regime de Lukashenko e não condenou o sequestro de um avião que transportava cidadãos russos.
Nota do tradutor:
*O jornalista, 26 anos, ex-editor do site de notícias Nexta, que tem mais de 2 milhões de seguidores, está no exílio desde 2019.
**O Mikoyan MiG-29 (em russo: Микоян МиГ-29, OTAN: Fulcrum) é um caça multiuso russo desenvolvido pela Mikoyan. O MiG-29K foi desenvolvido no final dos anos de 1980 com base no MiG-29M. A Mikoyan descreve-o como um caça geração 4++.
Informações sobre a “ameaça de explosivos a bordo”
A 23 de Maio de 2021, o voo FR4978 da empresa Ryanair que saiu de Atenas com destino a Vilnius, foi desviado à força, por um caça da Belarus. Foi forçado a alterar a rota devido a uma “ameaça de explosivos” a bordo e aterrou em Minsk. O controlo de tráfego aéreo bielorrusso enviou uma mensagem à tripulação do avião sobre a ameaça de uma explosão “se o avião pousasse em Vilnius”, depois disso, o caça MiG-29 da Força Aérea da Belarus armado com mísseis ar-ar de longo alcance, escoltou o aparelho da Ryanair para fortalecer a exigência de pouso em Minsk. Como pode ser visto no mapa de voo do FR4978, o avião estava no espaço aéreo da Belarus naquele momento, a 83 km a sul de Vilnius e a 170 km a oeste de Minsk. Faltavam apenas cerca de 30 km para a fronteira com a Lituânia. Essa informação é confirmada pelo site Flightradar24.
Nota do tradutor:
*Segundo a Ryanair afirma, a sua tripulação foi notificada por Minsk da existência de uma ameaça terrorista a bordo com ordens de pousar no aeroporto mais próximo, o da capital da Belarus. Dados do website flightradar24.com mostram o avião a desviar-se da rota dois minutos antes de sair do espaço aéreo bielorrusso para entrar do da Lituânia.
É sabido por fontes abertas que o caça MiG-29 da Força Aérea Bielorrussa decolou para interceptar o avião da Ryanair do aeroporto de Baranovichi. A comunidade internacional de voluntários InformNapalm investigou esta informação e descobriu que o MiG-29, que executou essa tarefa, pertence à 61ª Base Aérea de Caça (unidade 54804), localizada em Baranovichi. Foi descoberto que o comandante desta base é um piloto militar, o chefe de guarnição de Baranovichi, coronel Yuriy Pyzhyk. É provável que foi este quem deu a ordem à tripulação do caça MiG-29. Fontes próximas do governo bielorrusso relataram que foi Lukashenko quem ordenou pessoalmente a intercepção do avião.
Como Moscovo está a puxar Minsk para uma zona de isolamento internacional
Recorde-se que em 2015, a comunidade voluntária internacional InformNapalm publicou uma investigação OSINT sobre a preparação de uma cabeça de ponte das Forças Armadas Russas na Belarus, que, entre outras medidas, envolveu a transferência de aeronaves e pessoal de ataque russo para a 61ª Base Aérea de Caça em Baranovichi. Posteriormente, representantes das Forças Armadas russas explicaram isso pelo facto de “patrulharem as fronteiras da União da Rússia e da Belarus (uma entidade supranacional chamada de “The Union State”)
Este não foi de forma alguma o único exemplo do envolvimento a longo prazo da Belarus em operações militares da Federação Russa contra outros países. O Kremlin tem pressionado o regime de Lukashenko para uma acção que levou ao isolamento internacional da Belarus por muitos anos. Em Fevereiro de 2020, durante a discussão internacional de especialistas “Guerra Híbrida da Federação Russa contra a Belarus”, o jornalista bielorrusso e chefe da edição bielorrussa do site da comunidade internacional InformNapalm Denis Ivashin chamou a atenção para o alcance de acção militar russa ao redor e dentro da Belarus.
Recorde-se que o jornalista bielorrusso Denis Ivashin também foi perseguido pelo regime de Lukashenko devido às suas actividades jornalísticas. A 12 de Março de 2021, foi preso pela KGB da Belarus em Grodno, cuja razão formal foi as suas investigações jornalísticas sobre ex-funcionários da extinta unidade especial ucraniana “Berkut”, que partiram para a Belarus e começaram a servir ao regime de Lukashenko, cumprindo ordens para suprimir protestos pacíficos civis.
Vejam também:
- Special investigation: what does Berkut defend in Belarus? Part I
- Investigación especial: qué protege «Berkut» en Belarús. Parte 1
- Special investigation: what does Berkut defend in Belarus? Part II
- Investigación especial: qué protege «Berkut» en Belarús. Parte 2
- Conclusions on the military maneuvers of Russia and Belarus near the borders of NATO and Ukraine
- Volunteers gathered evidence of 32 Russian military units taking part in the invasion of Crimea
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