
Escondendo-se por trás da decisão ilegítima do Conselho de Segurança Coletiva da OTSC e envolvendo os seus aliados do bloco militar regional, a Federação Russa realmente deu início ao processo de ocupação do Cazaquistão. A Rússia continua a deslocar forças especiais russas para o território do estado vizinho. A maioria dessas unidades também participou na agressão contra a Ucrânia em Donbas e na ocupação da Crimeia ucraniana. É também simbólico que o comandante das Forças Aerotransportadas Russas, Coronel-General Andrey Serdyukov, esteja encarregado das acções das forças da OTSC no Cazaquistão. Este comandou igualmente certas operações durante a invasão da Crimeia, coordenou operações militares no leste da Ucrânia e, em 2019, liderou as tropas russas na Síria. Leia mais neste artigo preparado pela Comunidade Internacional Voluntária de informação InformNapalm.
- Nota do tradutor: OTSC é a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC; em russo: ОДКБ – Организация Договора о Коллективной Безопасности), também conhecida como Organização do Tratado de Cooperação e Segurança ou simplesmente Tratado de Tashkent (em russo: Ташкентский договор), é uma aliança militar intergovernamental assinada em 15 de maio de 1992. Em 7 de outubro de 2002, os presidentes da Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tadjiquistão assinaram uma ratificação em Tashkent, fundando oficialmente a OTSC. Na ocasião, Nikolai Bordyuja foi nomeado secretário-geral da nova organização.
A 7 de Janeiro de 2022, o representante oficial do Ministério da Defesa da Rússia, Major General Igor Konashenkov, disse que o grupo de transporte aéreo reunido pelo Ministério da Defesa da Rússia, consistindo em mais de 70 aeronaves de transporte Il-76 e 5 An-124, está a transportar unidades do contingente russo para o Cazaquistão 24 horas por dia. Aeronaves militares de transporte russas estão igualmente envolvidas na transferência operacional de contingentes militares da Belarus, do Tajiquistão, do Quirguistão e da Arménia.
Ontem, 6 de Janeiro, a InformNapalm informou que a Federação Russa já tinha transferido para o Cazaquistão as unidades que participaram na agressão contra a Ucrânia, ao fornecer a lista de unidades militares e os resultados da sua participação na agressão. A 7 de Janeiro, Konashenkov confirmou que as forças russas incluem unidades da 45ª Brigada Separada de Forças Especiais, da 98ª Divisão Aerotransportada e da 31ª Brigada das Forças Aerotransportadas. Confirmou que todos os militares do contingente russo foram submetidos a treino especial e têm experiência real de combate. O coronel-general Serdyukov, comandante das Forças Aerotransportadas Russas, foi nomeado para comandar as operações das forças da OTSC na República do Cazaquistão.
Os militares russos que chegaram ao Cazaquistão assumiram imediatamente o controle do aeroporto de Almaty a fim de garantir a transferência desimpedida do contingente militar de ocupação e garantir o controle das instalações de infraestrutura importantes para a Federação Russa.
A 7 de Janeiro, o Ministério da Defesa da Rússia também informou que 9 aeronaves de transporte russas Il-76 com pára-quedistas e seu equipamento aterraram no aeródromo de Almaty.
Conclusão
Ao redistribuir tropas para o Cazaquistão, a Federação Russa está simultaneamente a resolver uma série de tarefas geopolíticas. Envolvendo outros países da OTSC no processo de ocupação sob sua liderança, o Kremlin vincula a liderança desses estados ao regime criminoso de Vladimir Putin.
Um precedente especialmente alarmante é a transferência para o Cazaquistão dos militares da 103ª Brigada Aerotransportada das forças de operações especiais da Belarus de Vitsebsk (cidade de Viciebsk). Este pode ser o primeiro passo para o envolvimento da Belarus nas operações militares russas contra outros países, especialmente contra a vizinha Ucrânia.
Se a operação militar de ocupação russa no Cazaquistão for bem-sucedida e os países do Ocidente Coletivo limitarem sua reação a declarações de “profunda preocupação”, isso poderá enviar um forte sinal à Rússia de que uma “blitzkrieg” contra a Ucrânia pode tornar-se aceitável sob certas condições híbridas . Especialmente se a Rússia partir para a desestabilização artificial da Ucrânia e, em seguida, seguir adiante com uma decisão bem ensaiada da OTSC de “trazer forças de manutenção da paz”. Os países da OTAN devem levar em conta que a Federação Russa está a agir, de facto, sozinha e com rapidez, ao esconder-se atrás das decisões do Conselho da OTSC para evitar a responsabilidade única pela invasão militar.
Ver mais informação:
- CSTO’s Strategic Command and Staff Training in the South Caucasus (Document)
- A Federação Russa transferiu para o Cazaquistão as unidades que participaram na agressão contra a Ucrânia
- A Ucrânia transmitiu à OSCE informações sobre o potencial militar da Rússia perto das suas fronteiras
- A equipa internacional de investigação anunciou oficialmente que o MH17 foi abatido por “Buk” das Forças Armadas da Rússia
- “Zapad-2021”: o primeiro comboio com militares e equipamentos russos chegou à cidade bielorrussa de Brest
- Intervenção militar russa na Ucrânia: visão geral, evidências e mapa
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