*Centro Ucraniano de Análise e Segurança (УЦАБ,UTsAB em ucraniano)
A comunidade voluntária de informação OSINT InformNapalm gostaria de partilhar informações actualizadas de especialistas do Centro Ucraniano de Análise e Segurança. Esta informação refere-se a um oficial da 3ª Brigada GRU (spetsnaz GRU). Este oficial lutou contra a Ucrânia como mercenário da empresa militar privada russa Wagner (EMP “grupo Wagner”).
Após o serviço, este oficial alterou o seu apelido para poder entrar na Geórgia, algo que a InformNapalm já descreveu numa pesquisa anterior da OSINT.
Nota do tradutor:
* GRU – Departamento Central de Inteligência (em russo: Главное разведывательное управление, ГРУ) é a agência de inteligência militar do Estado-Maior das Forças Armadas da Federação Russa (anteriormente Estado-Maior do Exército da União Soviética).
O GRU é a maior agência de inteligência estrangeira da Rússia. Em 1997, infiltrou seis vezes mais agentes em países estrangeiros que o SVR, o sucessor da direção de operações no exterior da KGB (PGU KGB).
UTsAB apelou oficialmente à Geórgia e ao Cazaquistão
O Centro de Análise e Segurança da Ucrânia apelou oficialmente às embaixadas da Geórgia e do Cazaquistão em relação à presença de um criminoso de guerra russo que esteve envolvido na agressão armada da Rússia contra a Ucrânia. O motivo desta acção foi a informação que os peritos do Centro receberam da InformNapalm durante a sua própria investigação. Ficou estabelecido que o oficial acima mencionado do GRU abriu empresas nesses países, que podem servir para infiltração de agentes russos.
Evidências da participação nas hostilidades contra a Ucrânia
Em Maio de 2015, a InformNapalm publicou um relatório sobre um cidadão russo Kirill Vladimirovich Krivko, nascido a 12 de Dezembro de 1979. O relatório continha evidências de participação em actos de guerra no território ucraniano.
De acordo com a UTsAB, Krivko esteve envolvido no assassinato de civis na Síria
De acordo com a UTsAB, Kirill Krivko esteve pessoalmente envolvido no assassinato de civis na Síria entre 2016 e 2017 como mercenário da empresa militar privada russa Wagner (EMP “grupo Wagner”). Ao mesmo tempo, comentou activamente sobre as suas “conquistas” em correspondência com outros mercenários na sua própria página na rede social russa VK (VKontakte), cujas imagens agora estão disponíveis no site ucraniano “Myrotvorets”.
Parece que a exposição pública do criminoso de guerra russo encerrará a sua carreira como membro da inteligência militar russa. Mas, como a UTsAB descobriu, as suas “aventuras” como membro dos serviços especiais russos não terminaram. Hoje em dia, Krivko tenta legalizar-se sob a proteção dum empresário russo em dois países da ex-União Soviética.
Mudança de apelido do criminoso de guerra
O primeiro passo para atingir os seus objectivos foi a mudança de apelido em Outubro de 2017. Isso é confirmado por informações obtidas nos registos abertos de entidades empresariais da Federação Russa sobre a companhia em causa «ВНС» (“VNS” Lda., retalhista online) que foi registada por Krivko em 2013 com o endereço da família Krivko em Samara.
Assim, Kirill Krivko, o funcionário russo do GRU e membro da empresa militar privada russa Wagner tornou-se agora Kirill Vladimirovich Aleshetchkin ao usar o apelido da sua esposa, Alina Alexeievna Aleshetchkina, nascida a 18 de Março de 1980.
Além disso, inesperadamente Krivko tornou-se o director da empresa de construcção StroiServisPovoljie Lda. (em russo ООО «Стройсервисповолжье») no final de 2018.
Porém, na Internet conseguimos encontrar poucas menções a essa empresa nos últimos três anos. Todas essas menções têm a ver com a Procuradoria-Geral russa por causa de multas (que chegam a mais de 400.000 rublos) por baixa qualidade e falha dos termos acordados para a reparação da casa da cultura na aldeia de Klyavlino da região de Samara. As acções fraudulentas do administrador da empresa também são mencionadas.
Mas o papel do “construtor falhado” assumiu um significado secreto completamente diferente quando se tornou claro que durante 2019-2020 Aleshetchkin-Krivko registou duas filiais da sua empresa na Geórgia e no Cazaquistão e publicou as fotografias das suas viagens nas redes sociais.
Fotografia: Oficial do GRU Kirill Vladimirovich Krivko, hoje Aleshetchkin, na Geórgia.A imagem mostra Kirill Vladimirovich Krivko a viajar.
Fotografia: Oficial do GRU Kirill Vladimirovich Krivko, hoje Aleshetchkin, na Geórgia.
As mesmas estruturas comerciais foram activamente fundadas pelos serviços especiais russos na Ucrânia até a invasão em 2014
De acordo com a experiência ucraniana de resistência à agressão híbrida russa, tais empresas foram activamente criadas pelos serviços secretos russos na Ucrânia até a invasão em 2014.2014.
O objetivo era infiltrar agentes inimigos, reunir inteligência e financiar forças políticas e activistas cívicos pró-russos locais. Não há dúvida de que as filiais da StroiServisPovoljie já foram ou podem tornar-se cabeças de ponte semelhantes do GRU na Geórgia e no Cazaquistão.
É por isso que o Centro Ucraniano de Análise e Segurança decidiu entrar em contacto com as embaixadas da Geórgia e do Cazaquistão com o objectivo de informar sobre as ameaças à segurança nacional de ambos os países. (cópias das cartas)
Existem alguns aspectos mais importantes que estão relacionados com o objecto desta investigação.
Geórgia
No que diz respeito à Geórgia, em Agosto de 2021, a embaixada da Geórgia apelou oficialmente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, expressando uma atitude extremamente negativa em relação à organização de viagens ao território ocupado da Geórgia nomeadamente à Abkházia pela agência de viagens ucraniana “Kuluar Pohod” (“Caminhada Couloir”).
O Centro Ucraniano de Análise e Segurança apoia totalmente a posição dos diplomatas georgianos nessa questão. Lembramo-nos muito bem que ambos os países tornaram-se objetos da intervenção russa, dezenas de milhares de famílias georgianas e ucranianas morreram ou foram forçadas a deixar as suas casas, e partes do território da Geórgia e da Ucrânia ainda estão ocupadas por tropas russas. É por isso que os factos da livre circulação de Aleshetchkin-Krivko, que tem nas suas mãos sangue de cidadãos ucranianos, causam igualmente surpresa e atitude negativa dos patriotas ucranianos.
República do Cazaquistão
Em relação à República do Cazaquistão, não descartamos que uma das tarefas de Aleshetchkin-Krivko seja recrutar novos mercenários para o “grupo Wagner”.
O Centro Ucraniano de Análise e Segurança tem factos específicos sobre o recrutamento de cidadãos cazaques para o GRU, nesta unidade militar autónoma russa.
Em 2018, o Serviço de Segurança da Ucrânia apresentou fotografias de passaporte de dois cidadãos cazaques, Maxim Klimov e Oleg Yelizarov, que fazem parte do “grupo Wagner” bem como do GRU.
Estes participaram nas hostilidades na Ucrânia e na Síria e foram eliminados como resultado de um ataque dos EUA na província síria de Deir-ez-Zor em Fevereiro de 2018.
Mais tarde, os parentes de Yelizarov não apenas confirmaram a sua morte, mas também divulgaram um vídeo onde se mostra a etiqueta de identificação pessoal de Yelizarov como membro do “grupo Wagner” com o número M-2701 claramente visível, junto com condecorações militares.
No entanto, a pedido de jornalistas, o Comité de Segurança Nacional da República do Cazaquistão disse que “não temos informações sobre o envolvimento desses cidadãos do Cazaquistão (Yelizarov e Klimov) em terrorismo e actividades extremistas”. Hoje, a lista de combatentes identificados do Cazaquistão, membros do “grupo Wagner”, nas fileiras do Departamento de Polícia contém quase duas dezenas de nomes.
Conclusão
Esperamos que as informações sobre Aleshetchkin-Krivko, que está directamente relacionado a esta estrutura da inteligência militar russa criminosa, facilitem uma análise mais detalhada das agências de aplicação da Lei do Cazaquistão ao mostrar as formas de recrutar mercenários no seu território para participarem nas hostilidades na Ucrânia, Síria e outros países.
Chefe do grupo analítico do “UTsAB”
Igor Guskov
Analista Sénior do UTsAB
Alexey Kiryatsev
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