Na sua coluna datada de 6 de Abril, o observador militar russo Anton Lavrov analisando a “escalada da primavera” no leste da Ucrânia e comparando as forças ucranianas na zona da Operação das Forças Conjuntas (JFO) com as forças do 1º e 2º Corpo de Exército da Rússia, as chamadas República Popular de Luhansk (RPL / LNR) e República Popular de Donetsk (RPD /DNR), enfatizou que apenas os veículos aéreos de combate não tripulados Bayraktar* TB2 são armas realmente eficazes para a Ucrânia, mas o seu número ainda não é suficiente para alterar significativamente o equilíbrio de poder na zona de combate. Lavrov é um colaborador regular do jornal russo Izvestia.
Nota do tradutor → * Bayractar TB2→ o veículo armado não tripulado de combate aéreo mais conhecido pela sigla em inglês UCAV, unmanned combat air vehicle, drone de combate.
Sem revelar aos leitores quaisquer detalhes específicos sobre os tipos de equipamentos militares russos mais recentes disponíveis no Donbas, o observador enfatizou que as chamadas RPL / LNR e RPD /DNR estão armadas com sistemas de defesa aérea suficientes que impedem a Ucrânia de usar a aviação de forma eficaz desde 2014.
Vale a pena mencionar que a Comunidade Internacional Voluntária de Informação InformNapalm detectou mais de 50 tipos específicos de armas e equipamentos militares russos no Donbas ucraniano ocupado que não poderiam ter sido capturados em batalha, uma vez que não havia provas da perda desses tipos de equipamentos pelas Forças Armadas da Ucrânia. Além disso, a maioria dos tipos de equipamento está oficialmente em serviço exclusivamente com o exército russo, portanto, sua presença no leste da Ucrânia é uma evidência directa de fornecimento da Federação Russa. Entre esses tipos de material, existem mais de 10 tipos dos mais recentes sistemas de guerra eletrónica russos, bem como o sistema de mísseis superfície-ar Buk-M1 (SAM), os Tor SAMs 9K330 / 9K331 e os mais recentes 96K6 Míssil superfície-ar Pantsir-S1 russos e sistema balístico (SAMG).
No entanto, os sistemas de defesa aérea russos mostraram sua baixa eficácia contra os UCAVs Bayraktar TB2 da Turquia em Nagorno-Karabakh e durante as operações militares na Síria e na Líbia.
Fotografia: Pantsir-S1 SAMG danificado na Líbia
Em Junho de 2020, o Defense Express publicou um relatório no qual observou que mais de 20 sistemas Pantsir-S1 de fabrico russo foram atingidos na Síria e na Líbia por UCAVs. Embora a chave para esse sucesso, segundo os especialistas, não fosse tanto a superioridade técnica dos drones, mas sim o planeamento sensato das operações e seu uso “híbrido” eficaz.
Após o sucesso militar do Azerbaijão no Outono de 2020 durante as batalhas por Nagorno-Karabakh e a implantação efectiva dos drones de combate turcos, o comando militar russo tentou rever esta experiência e tirar as conclusões apropriadas projectando-as em outros pontos críticos, em particular no leste da Ucrânia, um cenário de guerra de trincheiras por mais de 7 anos.
Por exemplo, em Outubro de 2020, a InformNapalm chamou a atenção para sinais de preparativos para uma escalada das hostilidades no Donbas e para as forças russas nas partes ocupadas do Donbas a preparar-se para conter os UCAVs que poderiam ser implantados pela Ucrânia.
Em Fevereiro de 2021, pela primeira vez desde 2014, os observadores da Missão Especial de Monitorização da OSCE registaram a mais recente estação de radar russa 51U6 Kasta-2E1 no território ocupado. Os militares russos tentaram à pressa escondê-lo do drone da OSCE com um pano com as cores da bandeira ucraniana. É importante notar que a estação móvel russa de radar UHF 51U6 Kasta-2E1 foi projetada especificamente para detectar alvos aerotransportados, incluindo aqueles que voam em altitudes ultra-baixas. Como a Ucrânia não opera nenhum poder aéreo na zona de JFO, a estação aparentemente foi activada especificamente para caçar UCAVs.
Em Abril de 2021, os meios de comunicação ucranianos e estrangeiros cobriram activamente a “flexão de músculos militares” da Rússia perto das fronteiras da Ucrânia, em particular, acompanharam de perto a criação de campos militares e o movimento de equipamentos militares.
No entanto, não se deve esquecer que uma parte significativa das forças híbridas russas foi localizada e acumula-se directamente na parte ocupada do Donbas ucraniano numa base rotativa desde 2014. Isso permite ao agressor continuar o jogo de negação plausível e fazer declarações oficiais alegando que a Federação Russa “não é parte no conflito” e suas tropas nas fronteiras orientais “não ameaçam a Ucrânia”.
No contexto do pingue-pongue diplomático ocidental e da perene “profunda preocupação” em resposta às ameaças de Moscovo, é o fornecimento de armas de alta precisão para a Ucrânia e o treino de especialistas para seu uso que se podem tornar um factor verdadeiramente eficaz para dissuadir os agressores. Nos últimos anos, o FGM-148 Javelin ATGM foi considerado uma espécie de “bala de prata”. Após os sucessos do Azerbaijão na guerra para recuperar seu território no Outono de 2020, os UCAVs Bayraktar TB2 turcos também receberam esse status em certa medida. Estes tornaram-se o principal tema das publicações diárias nos meios de comunicação russos. Parece que um aumento significativo no número destes aparelhos em serviço no exército ucraniano e a prontidão para usá-los pode tornar-se um verdadeiro impedimento para a Federação Russa.
A Ucrânia pode ir longe com a “profunda preocupação” coletiva do Ocidente, mas com a entrega de uma grande remessa de armas letais de alta precisão e a “profunda preocupação”, a Ucrânia aparentemente pode ir muito mais longe. O eventual custo da agressão da Rússia contra a Ucrânia deve crescer rápida e diariamente. Manter os territórios recém-ocupados deve tornar-se não só economicamente inviável mas também proibitivamente caro em termos de perdas militares intoleravelmente altas em decorrência da resposta ucraniana à escalada.
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