
A Rússia continua a militarizar as Ilhas Curilas e agrava ainda mais as relações com o Japão, provocando tensões em diferentes partes do mundo. Nesta publicação, voluntários da Comunidade Internacional de informação InformNapalm destacam não apenas esta notícia, mas também propõem uma variante da acção de dissuasão assimétrica para o comportamento agressivo da Rússia. O artigo também fornece factos relacionados com a ocupação russa da península da Crimeia ucraniana e a agressão russa no leste da Ucrânia.
A 2 de Dezembro de 2021, os sistemas de mísseis costeiros Bastion da Frota Russa do Pacífico foram usados e colocados em serviço de combate na ilha de Matua.
No final de 2017, os militares russos também concluíram a construção de um aeródromo e anunciaram os planos para estabelecer uma base naval na Ilha de Matua. Curiosamente, a ilha de Matua (jap. 松 輪 島) desempenhou um papel estrategicamente importante durante a Segunda Guerra Mundial, pois estava lá localizada uma das maiores bases navais japonesas. A 22 de Novembro de 2016, o jornal Boevaya Vakhta da Marinha do Pacífico também relatou que os sistemas de mísseis costeiros anti-navio Val e Bastion foram usados nas ilhas de Iturup e Kunashir. O Japão tem se oposto sistematicamente ao fortalecimento da presença militar russa na região das Ilhas Curilas, territórios considerados ocupados pela Rússia.
Paralelos com a Crimeia ocupada
Simultaneamente à militarização activa das Ilhas Curilas, a Rússia também militarizou a Crimeia Ucraniana ocupada em 2014. Em 2016, a Comunidade Voluntária Internacional de Informação InformNapalm relatou que a Rússia tinha usado mísseis anti-navio costeiros Val e Bastion na Crimeia. Durante as investigações OSINT, os voluntários da InformNapalm recolheram igualmente dados sobre o uso dos sistemas de mísseis Bal pertencentes à 15ª Brigada de Mísseis de Defesa Costeira. O armamento e o equipamento da recém-formada brigada foram transferidos do Daguestão para a Crimeia.
Contexto importante relativo aos drones Orlan-10 russos e o que o Japão tem a ver com isso
Nos últimos anos, a Rússia tem usado activamente os drones Orlan-10 para suas operações militares contra a Ucrânia, o que tem sido relatado com frequência na zona de combate em Donbas. Em 2018, voluntários da InformNapalm publicaram uma reportagem fotográfica que demonstra que este tipo de VANT russo consiste principalmente de peças fabricadas nos EUA, Alemanha, Japão e outros países. Embora o kit moderno do VANT russo Orlan-10 tenha sofrido algumas mudanças, um dos principais elementos estruturais continua a ser os motores de combustão interna vindos do fabricante japonês SAITO completos com o módulo de ignição (de acordo com os dados da InformNapalm).
A Rússia usa activamente os drones Orlan-10 como parte de vários sistemas militares, por exemplo, RB-341V Leer -3. Esses VANTs também fazem parte do sistema de controle e comando táctico unificado da Rússia, que implementa o conceito de guerra centrada em rede.
Conclusão
A Rússia está a intensificar a militarização dos territórios ocupados em partes diferentes do mundo. É sabido que um dos métodos para dissuadir o agressor é a imposição de sanções económicas, em particular o embargo aos produtos militares e de dupla utilização. Os voluntários da InformNapalm acreditam que a proibição da venda de motores da empresa japonesa SAITO para a Rússia, que são usados para equipar os drones Orlan-10, poderia fornecer uma opção eficaz para a resposta assimétrica do Japão à militarização descarada da Rússia das Ilhas Curilas. Esta medida também beneficiaria a Ucrânia, porque são os drones russos Orlan-10 que aparecem quase diariamente nos relatórios da zona de combate em Donbas. O Exército Russo também está a usar constantemente esse tipo de VANT na Síria.
A publicação foi preparada por Roman Burko especialmente para a InformNapalm. Tradução: Helena Sofia da Costa. Distribuição e partilha com referência à fonte são bem-vindas! O InformNapalm não tem nenhum apoio financeiro do governo de nenhum país ou doador, os únicos patrocinadores do projeto são os seus voluntários e leitores. Também pode ajudar o InformNapalm com uma contribuição através da plataforma Patreon. Siga o InformNapalm no Facebook / Twitter / Telegram e fique a par das novas publicações da comunidade.
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